Já todos sabemos que os mitos que rodearam décadas (centenas?) de anos de vinho branco estão felizmente a desfazer-se a uma grande velocidade.
No caso do verde e do alvarinho em concreto, assiste-se ao mesmo (tem de ser bebido no ano, só envelhece se tiver madeira; no máximo 3/4 anos em garrafa, etc. etc).
Um dos mitos que rodeiam o vinho verde, e o alvarinho em concreto, é que serve para entradas, peixe e mariscos (sushi, agora). Pouco mais.
Ao longo dos anos oito que leva este projeto, sobretudo nos últimos quatro, gastei muitas da minhas energias a mostrar que o alvarinho vai bem com várias carnes e com vários pratos da gastronomia portuguesa que têm carne. Se em Monção acompanham a 'foda' com alvarinho e se em Ponte de Lima há cada vez mais gente a pedir alvarinho no sarrabulho, isso só pode ser verdade.
Há, contudo, alguns pratos que - sempre ouvi dizer - não faz sentido serem acompanhados por este vinho.
O cozido à portuguesa é um deles.
Ontem um grupo de amigos juntou-se à volta de um cozido bem caseiro e eu levei duas garrafas para uma primeira tentativa.
Pensei num vinho com fruta domesticada e isso é garantido pelo estágio em madeira. Claro que perde na acidez, menos efusiva, mas - como disse - foi uma primeira tentativa.
Em concreto, foram duas garrafas de Regueiro Barricas (2022), imbatível na sua espécie.
O resultado não foi o esperado, talvez porque fizesse falta um pouco mais de acidez (como o vinhão faz com comidas gordas e o cozido à portuguesa, com tanto porco, é sem dúvida uma comida gorda).
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