sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Valença quer entrar na subregião. Faz sentido?

O município de Valença deu a conhecer, esta semana, a vontade de integrar a subregião, que assim deixaria de ser apenas Monção e Melgaço. 

O presidente da Câmara diz que já manifestou "esta vontade aos meus colegas Presidentes de Câmara de Monção e de Melgaço. Valença também produz uvas de muito boa qualidade e muitas dessas uvas vão sobretudo para adegas de Monção e já temos também uvas a seguir para Melgaço”, disse José Manuel Carpinteira.

Já a vice-presidente, Ana Paula Xavier, deu uma entrevista em que afirma: “Muitos dos nosso produtores de uva vendem o seu vinho para produtores e engarrafadores de vinho da adega de Monção. Toda aquela fronteira com Monção tem uma boa qualidade de solo e de condições climáticas, porque o que faz a diferenciação é o Monte de Faro. Fazia sentido estes produtores estarem integrados na sub região do Alvarinho."

Compreende-se o interesse de Valença, porque isso significaria um salto em termos de quantidade e prestígio do alvarinho ali produzido.

A minha dúvida é de outro tipo: desconhecendo quantas uvas são realmente vendidas a Monção (e Melgaço?), apenas tenho registo de um produtor devidamente reconhecido nesse concelho, a Quinta Edmun do Val, pelo que a reivindição nasce de cima para baixo, em vez de aparecer organicamente: primeiro é preciso Valença mostrar a qualidade que reivindica ter, para depois, de uma forma quase natural, entrar na 'equipa'.


PS - as declarações dos dois autarcas de Valença têm uma outra consequência: se há produtores de Monção e de Melgaço a comprar (pelos vistos, muitas) uvas nesse concelho, então estamos perante uma ilegalidade e uma acusação que desprestigia a subregião. Tem a palavra a APA.

 

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Côto de Mamoelas Assemblage Espumante Super Reserva (2019): 9/10

São muitos os que dizem que Abel Codesso é o melhor enólogo de espumantes de alvarinho e este novo Assemblage confirma-o.
Trata-se de um espumante com 36 meses de estágio (super reserva) mas que resulta da mistura (assemblage) de três colheitas diferentes. Para efeitos de registo na Comissão, ficou o 2019.
O resultado é um vinho muito sofisticado, com muitos recursos no nariz e na boca - por isso também difícil de descrever nas suas características.
Apesar da nota atribuída ser idêntica, este Assemblage não está exatamente ao mesmo nível do Grande Reserva, mas em contrapartida tem um preço muito mais em conta [no Saudáveis e Companhia, de Monção, vi recentemente uma garrafa deste Grande Reserva 2015, esgotadíssimo, a €60!]
A relação preço-qualidade é por isso excelente.
Ano da produção: 2019
Data de compra: dezembro 23
Preço de compra: €24,90
Local de compra: Garrafeira Onwine
Data de consumo: dezembro 2023
Produtor: Provam [a informação não consta do site]
Localidade: Monção
Enologia: Abel Codessso
Acidez Total (g/l): -6.5
Açúcar (g/l)  < 0,6
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Método de vinificação, segundo o produtor: "As uvas previamente selecionadas são cuidadosamente transportadas e prensadas inteiras para obtenção de um mosto de grande qualidade(...). O mosto é clarificado a 12º C durante 48 horas e fermentado a temperatura controlada durante 12-15 dias. Segue-se um período de estágio sobre borras finas de 5 meses. Posteriormente, procede-se ao engarrafamento, fermentação (método clássico) e estágio mínimo de 36 meses, findo o qual se realiza a “remouage” e o “degorgement”".
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 9/10
Primeiro copo servido a: 10º/11º
Acompanhou: robalo no forno
Pode acompanhar por exemplo:
(414)



quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Dona Paterna Espumante Bruto (2019): 7/10

Basicamente, mantenho tudo o que escrevi há quase quatro anos, sobre o 2016. Acrescento apenas que, por gosto, prefiro uma bolha mais delicada e elogio o final, que fica na boca durante um tempo muito bom.

Relação preço-qualidade: genericamente o normal nestas circunstâncias.

Ano da produção: 2019
Data de compra: dezembro 2023
Preço de compra: oferta do produtor [€15,9 online]
Local de compra: 
Data de consumo: dezembro 2023
Produtor: Carlos Alberto Codesso
Localidade: Paderne, Melgaço
Enólogo: Fernando Moura
Acidez: ?
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 7/10
Primeiro copo servido a: 12º
Passou pelo arejador? Não
Acompanhou: salmão grelhado
Pode acompanhar por exemplo:
(232)

Dona Paterna Espumante Bruto 2016



terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Bagagem (2022): 7/10

[texto atualizado com informações que chegaram posteriormente, a negrito]

Bagagem é um novo alvarinho produzido na zona de Monção pelo responsável (desde 2017) pela viticultura e enologia da empresa Lua Cheia/Saven. Este vinho, contudo, resulta do trabalho realizado por Luís Moreira, 29 anos, nos seus 2,5ha de vinha, ele que é natural de Monção.

[Segundo o enólogo e produtor, o nome Bagagem pretende ser uma homenagem à história de Monção, em concreto, ao fluxo migratório ocorrido nos anos 50 a 70 e ao contrabando desenvolvido ao longo das margens do Rio Minho].

A primeira edição foi limitada a 1800 garrafas, com engarrafamento em maio e lançamento em agosto deste ano.

Sobre o vinho: abri a garrafa meia hora antes e mantive-a no frigorífico. O primeiro copo foi bebido a 12º e o resultado deixou-me dececionado: um vinho muito fechado (mesmo no aroma), curto, com a acidez demasiado presente. Acontece que Luís Moreira me tinha sugerido que o vinho se viria revelar com o aumento da temperatura. E assim aconteceu. A 15º/16º o vinho ganhou outra vida e abriu-se, revelando um perfil cítrico já bem relacionado com a acidez final.

Relação preço-qualidade: com 1800 garrafas o produtor entendeu subir o preço. Acredito que as vá vender todas, mas na prateleira não é fácil optar por um vinho desconhecido a €18 (é preciso ter em conta de que estamos a falar de um convencional colheita) quando há outras referências, de qualidade superior, ao mesmo preço ou mais baratas. Pela minha experiência €15 seria o teto. [O Luís enviou entretanto estas observações para justificar o preço, o que agradeço: vinha com baixa produção por hectare, vinificação em barricas, impressão premium dos rótulos, rotulagem e aplicação do lacre manual].

Ano da produção: 2022
Data de compra: novembro 23
Preço de compra: €18
Local de compra: Saudáveis e Companhia, Monção
Data de consumo: dezembro 2023
Produtor: Luís Moreira
Localidade: Monção
Enologia: Luís Moreira
Acidez Total: ?
Açúcar residual: ?
Teor Alcoólico (%vol): 12,5º
Método de vinificação, segundo o produtor: "Para a produção do vinho foram usadas uvas colhidas numa vinha própria com 22 anos de idade na freguesia de Segude em Monção. A vinificação foi realizada com recurso a maceração pelicular durante 12 horas com temperatura controlada, para extrair a essência da casta. A totalidade do lote fermentou e o estagiou durante 4 meses em Barricas de Carvalho Francês, com bâtonnage regular, para desta forma, aumentar a complexidade do vinho e potencializar os aromas".
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 7/10
Primeiro copo servido a: 12º 
Acompanhou: arroz de camarão
Pode acompanhar por exemplo:
(413)








 . Em todo o processo priorizou-se a identidade da Casta Alvarinho. 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Singellus Private (2017): 6/10

Preço: caro. €22,49 por este vinho ( mais ou menos o preço do Soalheiro Reserva, por exemplo) é caro.

2017: seria de esperar um 'amadurecimento' do vinho, o que não se verifica (a madeira, por exemplo, não se sente, direta ou indiretamente).

Anselmo Mendes: aumenta as expetativas, que neste caso não se confirmam.

Dito isto, é um vinho com um bom aroma e uma acidez bastante marcada. Nesse aspeto, é fantástico como o alvarinho permite vinhos frutados mas também vinhos em que a acidez é o elemento em destaque.

[Nota final: bebi este Singellus em casa de um familiar no fim de semana e não me encheu as medidas. Decidi, então, abrir a garrafa que tinha para comprovar. Bateu certo]

Ano da produção: 2017
Data de compra: novembro 23
Preço de compra: €22,49
Local de compra: Continente, Vila do Conde
Data de consumo: dezembro 2023
Produtor: Realejo [é uma empresa dos herdeiros de Belmiro de Azevedo]
Localidade: Marco de Canavezes
Enologia: Anselmo Mendes
Acidez Total: ?
Açúcar residual: 
Teor Alcoólico (%vol): 112,5º
Método de vinificação, segundo o produtor: 
Quantidade de garrafas consumidas: 1 + 1
Pontuação: 6/10
Primeiro copo servido a: 12º (segunda garrafa)
Acompanhou: salada de salmão fumado
Pode acompanhar por exemplo:
(412)


sábado, 9 de dezembro de 2023

Muros de Melgaço (2017): 6/10

Esperava que tivesse envelhecido melhor.

Dá a ideia de que perdeu alguma força, o que, para um vinho com estágio em madeira, é um pouco surpreendente.

O resultado é que, mesmo mantendo um aroma muito personalizado, há um pouco de acidez a mais.

Ano da produção: 2017
Data de compra: outubro 2023
Preço de compra: €15,99
Local de compra: 
Data de consumo: dezembro 2023
Produtor: Anselmo Mendes
Localidade: Melgaço
Enólogo: Anselmo Mendes
Acidez: 6,4º (2015)
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 6/10
Primeiro copo servido a: 11º
Passou pelo arejador? Não
Acompanhou: massa com salmão
Pode acompanhar por exemplo:
(80)

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Um (notável) livro sobre o clube de viticultores do Soalheiro

Vários fatores contribuem para que a Quinta do Soalheiro seja o mais importante produtor de alvarinho em Portugal. Entre eles, a visão estratégica e coerente que têm demonstrado, o crescimento sustentado do volume de negócios ou a elevada qualidade de muitos dos seus vinhos (de quase todos...). Um dos segredos está no clube de viticultores, iniciativa pioneira em Portugal (pelo menos com este nível de organização), que é uma fórmula claramente vencedora: em vez de se limitarem a vender os seus vinhos, estes viticultores envolvem-se e são envolvidos no projeto e ajudam a crescer o Soalheiro. Ganham ambos.

Para que os viticultores sejam mais do que meros fornecedores de uva, António Luís e Maria João vêm desenvolvendo diversas politicas de atratividade, que visam o tal nível de comprometimento que garanta o sucesso.

"Manta de Retalhos" é um desses exemplos: é um notável livro de fotografias e pequenos textos que mostra quem são os viticultores do clube (que já é uma associação legalmente constituída, desde 2018).

O projeto inclui também uma exposição fotográfica, que começou pelo Porto (Galeria Fernando Santos), mas - acredito - chegará também a Melgaço (ou a outras zonas de Portugal)




domingo, 3 de dezembro de 2023

Tojeira Grande Escolha (2021): 7/10

Há muito que procurava este vinho, que não é fácil de encontrar.

Durante a primeira Paixão pelo Vinho Braga Wine Party (setembro) conversei com o produtor, que tinha diversos vinhos em prova, mas não este alvarinho.

Finalmente fui encontrá-lo numa garrafeira de Gondomar.

Uma boa surpresa, este alvarinho de Cabeceiras de Basto: fruta muito presente, sobretudo tropical, mas sem excessos, e uma excelente acidez, que não se limita ao final.

Relação preço-qualidade: aceitável.

Ano da produção: 2021
Data de compra: setembro 23
Preço de compra: €7,95
Local de compra: Garrafeira da Carvalha, Gondomar
Data de consumo: dezembro 2023
Produtor: Casa da Tojeira lda
Localidade: Cabeceiras de Basto
Enologia: Filipe Ribeiro e Nuno Grosso
Acidez Total: 6,2 g/L
Açúcar residual: – 4,0 g/L
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Método de vinificação, segundo o produtor: "As uvas são colhidas manualmente e desengaçadas, sendo depois submetidas a uma prensagem suave. O mosto é inoculado com leveduras selecionadas, decorrendo a fermentação durante 15 a 20 dias à temperatura de 14-16ºC. Estagiou durante 5 meses com batonnage em cubas de inox."
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 7/10
Primeiro copo servido a: 10º
Acompanhou: salmonetes grelhados
Pode acompanhar por exemplo:
(411)



Quinta da Raza (2022): 7/10

Tal como escrevi, quando provei o 2021, a nota que atribuí a este vinho está 'condicionada' pelo preço: se €7 já era um excelente preço na loja online, menos um euros na loja física, em Celorico, ainda o torna mais atrativo (não consigo ser preciso, porque perdi a informação, mas sei que foi menos de €6).

Sobre o vinho também mantenho o que então escrevi: com bom aroma, fruta bem doseada e um final, sendo agradável, curto.


Ano da produção: 2022
Data de compra: setembro 2023
Local de compra: loja do produtor
Preço de compra: menos de €6
Data de consumo: novembro 2023
Produtor: Quinta da Raza
Localidade: Celorico de Basto
Enólogo: ?
Acidez (g/dm3): 6,6
Açúcar Residual (g/l): 2,4
Teor alcoólico: 13,% Vol
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 7/10
Primeiro copo servido a: 12º-13º
Acompanhou: salmonetes grelhados
Pode acompanhar por exemplo:
(350)

Quinta da Raza 2021

Casa do Capitão-Mor Reserva Maceração (2021): 6/10

Pontos fortes deste Casa do Capitão-Mor Maceração: o aroma (forte, personalizado) e a acidez final, bem marcada e longa. Já na boca o vinho ...

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