quarta-feira, 31 de maio de 2023

Adega de Monção (2016): 6/10

Vamos ser claros: este vinho não foi feito para ser guardado seis ou sete anos (estamos a falar de um vinho de 4 euros, dos mais baratos do mercado).
E contudo foi o que fiz, sabendo do 'risco' que estava a correr.
O resultado final confirma por um lado quer foi tempo demais (houve alguma perda pela rolha) mas por outro que a casta aguenta 'tudo e todos'. O perfume estava lá, a cor impressionava, o aroma pouco ou nada perdeu.
Em resumo: até um vinho de 4 euros se pode guardar, embora não seja a decisão mais inteligente, no sentido em que há outros, um pouco mais caros, que se mostrarão mais resistentes e recompensadores.
Ano da produção: 2016
Data de compra: julho 2020
Local de compra: Intermarché 
Preço de compra: €3,99
Data de consumo: maio 2023
Produtor: Adega Cooperativa de Monção
Localidade: Monção
Enólogo: Fernando Moura
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 6/10
Primeiro copo servido a: 11º
Acompanhou: arroz de pato
(44)

Sobre os concursos (2)

 "O sommelier organizou uma degustação para encontrar o pior vinho que pudesse encontrar e designou como vencedor uma mistura de diferentes vinhos europeus vendidos por 2,50€, num supermercado local.

Os rótulos foram posteriormente substituídos por um mais bonito e o vinho passou a chamar-se “Le Château Colombier”, com um desenho de uma pomba no logótipo. A equipa do programa de televisão escolheu a competição internacional Gilbert et Gaillard. Para se inscrever, bastava pagar cerca de 50€ e apresentar os resultados de uma análise laboratorial do vinho para que fosse possível conhecer o seu teor alcoólico e de açúcar. Em alguns concursos, todos podem inscrever-se para serem jurados, mesmo que não percebam nada sobre vinhos. E foi assim que Samy Hosni, jornalista do programa, tornou-se provador de uma competição internacional na cidade francesa de Macon e na sua mesa não havia um único profissional.

O problema é que as medalhas muitas vezes influenciam o futuro comercial de um vinho: graças a um prémio, as vendas aumentam em até 15%."
https://sicnoticias.pt/mundo/2023-05-29-Pior-vinho-do-supermercado-ganha-medalha-de-ouro-em-concurso-internacional-0308db91 + https://www.rtbf.be/article/medaille-dor-pour-une-piquette-a-250-euros-ca-fait-le-buzz-11193070

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Revirado (2020): 8/10

A primeira coisa a dizer é que não há outro vinho com o sabor deste Revirado.
Provavelmente isso é resultado da insólita vinificação, que passa por estágio em barricas (de madeira) que reviram o vinho (spin).
A madeira está lá, mas discretamente, muito bem integrada.
Há uma evidente mineralidade, mas suave, resultante, diz o produtor, do terroir (altitude) e, por isso, numa análise geral, podemos falar de um perfil salino, que (pelo que vou podendo apreciar) casa muito bem com o alvarinho.
Os sabores secundários revelam frutos secos (avelã, amêndoa) e algum caramelo.
Só a acidez final é curta, o que vai destoar um pouco do conjunto geral.
Um vinho muito bom, quase excelente, que (paara quem puder...) vai estar ainda melhor daqui a dois ou três anos.

Nota final sobre o preço: dos vários (novos) vinhos que a Quinta do Soalheiro lançou nos últimos meses, pelo menos 3 são vendidos a cerca de 45 euros. Não é certamente coincidência e representa uma tentativa de valorização da casta. Mas o salto não é quântico, face, por exemplo, ao notável Reserva, que na última Feira de Melgaço estava a ser vendido a 17 euros. O crescimento não deveria ser mais 'orgânico' e racional?

Ano da produção: 2020
Data de compra: abril 2023
Preço de compra: oferta do produtor (pvp: cerca de €45)
Local de compra: 
Data de consumo: maio 23
Produtor: Quinta do Soalheiro
Localidade: Alvaredo, Melgaço
Enólogo: António L. Cerdeira
Acidez Total (g/dm3): 5,2
Açucares: seco
Teor Alcoólico (%vol): 12,5º
Método de vinificação: "As borras finas de decantação de Alvarinho de altitude são selecionadas e colocadas numa barrica spin onde fermentam. A turbidez acentuada do mosto origina a fermentação de aromas mais fechados, por isso temos de revirar as borras com muita frequência, daí o nome “Revirado”. A barrica spin permite efetuar uma batônnage total, conseguindo misturar-se por completo as borras e mantê-las em constante contacto com o vinho, para que a redução das borras finas durante a fermentação seja atenuada e nasça um vinho bastante delicado e mineral".
Aberto quanto tempo antes: 60 minutos
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 8/10
Primeiro copo servido a: 11-12º
Acompanhou: arroz de peixe galo com ovas
Pode acompanhar por exemplo:
(387)

domingo, 21 de maio de 2023

Quinta do Mascanho Espumante Reserva Bruto (2019). 7/10

Muito melhor apreciado este 2019 do que o 2016, bebido há quatro anos.

Envelheceu bem e está com ótimo sabor.

A bolha ainda é um pouco 'áspera', mas não duvido de que há quem prefira.

Excelente acidez final, bem vincada.

Ano da produção: 2019
Data de compra: jan 2023
Preço de compra: oferta do produtor
Local de compra: 
Data de consumo: maio 23
Produtor: Quinta do Mascanho
Localidade: Monção
Enólogo: José  António Lourenço
Acidez Total: 9.7
Açucares residuais: 2.3
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Aberto quanto tempo antes: 20 minutos
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 7/10
Primeiro copo servido a: 10º
Acompanhou: ovas de cavala
Pode acompanhar por exemplo:
(219)

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Encostas do Mouro Grande Escolha Maria de Fátima (2022): 3/10

Não vou escrever que este é o pior alvarinho que alguma vez bebi, produzido na subregião, mas é certamente o pior dos últimos anos.

Explicação: trata-se de um vinho excessivamente doce (na minha opinião, claro), quase enjoativo.

Imagino que os produtores pensem no estereótipo do gosto feminino e não sou eu que vou contrariar isso, desejando até que tenham muito sucesso, como desejo a todos, mas algo está a mais (ou a menos...).

Relação preço-qualidade: irrelevante neste contexto.

Ano da produção: 2022
Data de compra: abril 2023
Preço de compra: €7
Local de compra: Feira do Alvarinho de Melgaço
Data de consumo: maio 23
Produtor: Encostas do Mouro
Localidade: Podame, Monção
Enólogo: José Vilarinho
Acidez Total: ?
Açucares: ?
Teor Alcoólico (%vol): 12,5º
Aberto quanto tempo antes: 30 minutos
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 3/10
Primeiro copo servido a: 12º
Acompanhou: lulas estufadas
Pode acompanhar por exemplo:
(386)


terça-feira, 16 de maio de 2023

Jurássico II: 9/10

Não há qualquer dúvida de que se trata de um vinho extraordinário, muito gastronómico e com capacidade de envelhecimento.

A fórmula encontrada por Paulo Rodrigues (neste caso, são lotes de vinhos das colheitas de 2007, 2008, 2009 e 2010, conservados em inox) resulta em cheio.

A minha única dúvida é o preço: valerá €45 euros (em garrafeira) ou cerca de €70 em restaurante, mesmo tratando-se de uma produção inferior a 2000 garrafas, numeradas? Optei por manter a nota que atribuo pela qualidade do vinho, sem desconto (de 1 ponto) pelo preço.

Ano da produção: 2020?
Data de compra: maio 2023
Preço de compra: €?
Local de compra: Restaurante Grade, Leça da Palmeira
Data de consumo: maio 23
Produtor: Quinta do Regueiro
Localidade: Alvaredo, Melgaço
Enólogo: ?
Acidez Total: (g/dm3) 8º
Açucares residual: seco
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Método de vinificação: " lotes de vinhos das colheitas de 2007, 2008, 2009 e 2010, conservados em inox, e separados por anos"
Aberto quanto tempo antes: 30 minutos
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 9/10
Primeiro copo servido a: 11º?
Acompanhou: atum braseado
Pode acompanhar por exemplo: tirando cozido á portuguesa, pode acompanhar tudo, até tripas à moda do Porto!
(172)

Jurássico I


quarta-feira, 10 de maio de 2023

Adega de Ponte da Barca Reserva dos Sócios Casco de Castanho (2019): 7/10

Várias coisas a dizer sobre este vinho:

A primeira, a menos importante, é o nome: Adega de Ponte da Barca Reserva dos Sócios Casco de Castanho não é muito fácil de fixar e trata-se de uma versão reduzida de Adega Cooperativa de Ponte da Barca Edição Comemorativa dos 50 Anos, Reserva dos Sócios Casco de Castanho!

A segunda: inexplicavelmente, os alvarinhos em madeira estão a perder fulgor e a Adega de Ponte da Barca tem duas variedades, estágio em madeira de castanho e em madeira de carvalho. Se esta última opção é a mais comum, a primeira é diferente do que existe e, por isso, inovadora - o que, neste espaço, sempre se saúda.

Agora o vinho: as duas marcas distintivas são a madeira, bem percetível, e a acidez, o que é ótimo. No nariz tem personalidade. Senti falta de sabores secundários resultantes do estágio em madeira, sobretudo notas mais tropicais.

Relação preço-qualidade: desconhece-se o tempo de estágio. Compara com aquele que é a referência neste capítulo, o Soalheiro Reserva, e não fica a ganhar. Mas é mais barato.

Ano da produção: 2019
Data de compra: janeiro 2023
Preço de compra: €18,65
Local de compra: Portugal Vineyards
Data de consumo: maio 23
Produtor: Adega de Ponte da Barca
Localidade: Ponte da Barca
Enólogo: ?
Acidez Total: (g/dm3) ?º
Açucares residual: ?
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Método de vinificação: "?
Aberto quanto tempo antes: 30 minutos
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 7/10
Primeiro copo servido a: 11º
Acompanhou: polvo no forno
Pode acompanhar por exemplo:
(385)



segunda-feira, 8 de maio de 2023

Sobre os concursos (1)

Falar dos concursos de vinhos é falar de um assunto sensível e que gera sempre discórdia.

É que os concursos estão limitados aos vinhos que os produtores enviam para serem avaliados - se a amostra é pequena a vitória tem um significado, se é grande, outra.

A Comissão dos Vinhos Verdes organiza anualmente o seu concurso (em prova cega, como se impõe), cujos últimos resultados foram conhecidos nos último dias. E ganhou um vinho absolutamente inesperado, digo eu.

O meu ponto é o seguinte: ao contrário do que aconteceu em 2022, o vinho que ganhou é um alvarinho fora da subregião e entre os quatro alvarinhos premiados na categoria mais importante, a 'ouro',  há apenas dois da subregião (Deu la Deu Reserva e o espumante Canhotos Sublime Bruto). A situação não se altera se tomarmos em conta a lista 'prata', mais alargada.

O que é que isto significa? Que a generalidede dos produdores da subregião não concorreu, o que não valoriza o concurso: entre todos os premiados só encontramos três produtores da subregião: Encostas de Melgaço (vencedor no ano passado, agora remetido à segunda lista), Adega de Monção (o referido Deu la Deu e uma aguardente vínica) e Casa de Canhotos.

Consulte os premiados AQUI

Há alvarinhos fora da subregião tão bons como muitos de Monção e Melgaço. Mas são uma minoria. Nesse sentido, este concurso passa (involuntariamente*) uma imagem errada. É um dos problemas dos concursos (nota: 300 amostras este ano, contra 200 no ano anterior, segundo a organização). Culpa apenas dos produtores ou algo precisa de ser repensado no concurso?

* Por falar em imagem errada: no ano passado uma das distinções foi para um vinho, produzido pela Adega de Monção, que não se vende em Portugal. Que sentido faz?


quinta-feira, 4 de maio de 2023

Hidromel de alvarinho

Outra das novidades da Feira de Melgaço deste ano foi um hidromel.

Segundo os responsáveis ("Produtos Inovadores"), é feito com espumante de alvarinho Cortinha Velha e tem 11 graus de álcool.

Provei [€3 o copo) e não gostei.
Não só porque não encontrei a base de alvarinho como porque o resultado final me soube 'a remédio'.
Talvez mereça uma nova prova em momento oportuno.


quarta-feira, 3 de maio de 2023

Quinta do Mascanho Grande Reserva (2018): 8/10

O 'problema' destes vinhos, com muito tempo de estágio (colheita de 2018, engarrafada em 2022), é que precisam de tempo para se revelarem plenamente. Esta garrafa foi aberta uma hora antes e não foi suficiente. Como muitas vezes já me aconteceu, no dia seguinte (12 horas depois, devidamente acondicionada) estava ainda melhor, no sentido em que mais sabores secundários se revelaram (frutos secos, por exemplo) e se mostraram mais intensos.

Mas quem é que abre uma garrafa 12 horas antes? No restaurante nem 12 minutos até o primeiro copo ser servido...

Estamos perante um grande vinho, a que só falta um final mais prolongado para ser excecional.

Relação preço-qualidade: €20 euros é um bom preço.

Ano da produção: 2018
Data de compra: janeiro 2023
Preço de compra: oferta do produtor [€22,5 online]
Local de compra: 
Data de consumo: maio 23
Produtor: Quinta do Mascanho
Localidade: Ceivães, Monção [este produtor tem vinhas em Monção e Melgaço, de onde, aliás, vem o nome Mascanho]
Enólogo: José António Lourenço?
Acidez Total: (g/dm3) - 6,5º
Açucares residual Seco <1,5 g/dm3
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Método de vinificação: "Os anos de estágio em inox, em contacto com borras finas, acrescentam uma nova estrutura e complexidade a este vinho."
Aberto quanto tempo antes: 60 minutos
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 8/10
Primeiro copo servido a: 13º
Acompanhou: robalo assado no forno
Pode acompanhar por exemplo: 
(384)



terça-feira, 2 de maio de 2023

Vermute de alvarinho (Casa Canhotos)

 A Casa de Canhotos apresentou na Feira do Alvarinho de Melgaço um novo produto: um vermute de alvarinho (15,5º de álcool).

Na Galiza há alguma oferta, mas em Portugal é absoluta novidade. O que se saúda.

O resultado final: trata-se de uma bebida muito agradável, com abundância de ervas aromáticas (maceradas), mas que acabam por anular a essência da casta.

Ou seja, como bebida, a Casa de Canhotos está de parabéns pelo produto; como derivado de alvarinho já tenho as minhas dúvidas (no fundo, se a base fosse um azal, um arinto ou mesmo um loureiro, para falar apenas de castas da zona dos Verdes, o resultado talvez não fosse muito diferente).



Casa do Capitão-Mor Reserva Maceração (2021): 6/10

Pontos fortes deste Casa do Capitão-Mor Maceração: o aroma (forte, personalizado) e a acidez final, bem marcada e longa. Já na boca o vinho ...

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