segunda-feira, 24 de março de 2025

Casa de Rodas (2023): 7/10

Casa de Rodas é o primeiro vinho produzido pela parceria Mendes & Symington. A aposta foi jogar pelo seguro, com Anselmo Mendes a titular. Claro que se pode perguntar quantos vinhos, de uma mesma casta, um enólogo pode fazer sem que comece a repetir, mas por outro lado há a certeza de que sairá um vinho bom.

Não é contudo um vinho marcante ou diferenciador: na minha perspetiva, não se tornará uma referência entre os apreciadores de alvarinho, subsistindo todavia a certeza de que se a garrafa vier para a mesa estamos bem servidos.

Felizmente este segmento até aos €20 está cheio de boas opções, pelo que fica a curiosidade em saber qual será o próximo passo da Mendes & Symington.

Sobre o vinho: destaca-se o aroma, muito intenso e floral. Na boca, sendo um vinho bastante equilibrado, revela frutos secos, como figos. Boa acidez. O final, sem ser arrebatador, é interessante.

Relação preço-qualidade: já vi vários preços, entre os €16 e os €19 euros. Bom no primeiro caso, puxadote no segundo.

Ano da produção: 2023
Data de compra: fevereiro 2025
Preço de compra: oferta particular
Local de compra/prova: 
Data de consumo: março 25
Produtor: Mendes & Symington 
Localidade: Quinta de Rodas, Monção
Enologia: Anselmo Mendes
Acidez Total (g/l): 
Açúcar residual (g/l): ?
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Método de vinificação, segundo o produtor: "Clarificação estática do mosto por frio a 12ºC durante 48h. Fermentação durante 3 semanas com temperaturas entre os 14ºC e os 22ºC. Estágio sobre borras finas durante 6 meses."
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 7/10
Primeiro copo servido a: 13º
Acompanhou: Bacalhau à Gomes de Sá
Pode acompanhar por exemplo:
(470)


quarta-feira, 19 de março de 2025

Bustelo (2023): 6/10

Bustelo é uma nova marca de vinhos verdes, embora tenha começado pela exportação (Inglaterra, Brasil).

Na origem está a Cas’Amaro (produtor de Alenquer, com cinco quintas de Norte a Sul) que adquiriu a Quinta do Bustelo, uma propriedade de 25ha com vinhas, entre o Marco e Amarante.

No mercado há Loureiro, Azal, Arinto e Alvarinho.

E foi este que provei na última edição da Essência do Vinho, onde a Cas'Amaro fez a sua estreia.

Trata-se de um vinho frutado, fresco, por isso agradável. A acidez é média.

Relação qualidade-preço: faço a pergunta do costume - quem é que em Portugal vai comprar este Bustelo, quando tem o Regueiro Reserva ao mesmo preço. Um euro menos e estaria mais adequado.
Ano da produção: 2023
Data de compra:
Preço de compra: €9,50 (segundo o produtor)
Local de compra/prova: Essência do Vinho 2025
Data de consumo: fevereiro 25
Produtor: Cas'Amaro /Quinta do Bustelo
Localidade: Marco de Canavezes
Enologia: Ricardo Santos
Acidez Total (g/l): 5,90g/L
Açúcar residual (g/l): ?
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Método de vinificação, segundo o produtor: "O mosto é sujeito a refrigeração até 8ºC e faz a decantação estática durante 2 dias. Após separação das borras, inicia a fermentação que ocorre durante cerca de 3 semanas, a 12-14ºC. Após a fermentação estagia durante 3 meses sobre borras finas, seguindo-se o engarrafamento"
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 6/10
Primeiro copo servido a: ?
Acompanhou:
Pode acompanhar por exemplo:
(469)



domingo, 9 de março de 2025

Pedra Antiga (2023): 7/10

O primeiro Pedra Antiga (uma marca da Provam, exclusiva do Auchan) que provei foi o 2016. Provei depois o 2018 e o 2021, o que, penso, me permite ter uma ideia da forma como este vinho tem vindo a evoluir. Este 2023 é um vinho mais equilibrado, menos cítrico. O aroma é bem frutado (já a acidez é curta).

Se a qualidade tem vindo a aumentar, o preço também: o 2016 custava €4,99, depois passou para €5,99 (2021) e agora €7,99. Não é o melhor vinho abaixo dos 8 euros, mas não se pode falar em exagero.
(também a imagem tem vindo a mudar, este é o terceiro rótulo que registo, completamente diferente dos anteriores)

Ano da produção: 2023
Data de compra: fevereiro 2025
Preço de compra: €7,99
Local de compra: Auchan, Maia
Data de consumo: março 2025
Produtor: Provam
Localidade: Monção
Enólogo: Abel Codesso
Acidez Total (g/dm3):
Açúcar (g/dm3):
Teor Alcoólico (%vol): 12º
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 7/10
Primeiro copo servido a: 11-12º
Acompanhou: filetes de pescada e arroz de feijão
Pode acompanhar por exemplo:
(14)

terça-feira, 4 de março de 2025

Vinha Antiga Escolha (2007): 10/10

Nas últimas semanas tenho tido a oportunidade (o privilégio) de provar vários vinhos com envelhecimento em garrafa, vinhos que, como este Vinha Antiga, custaram no momento do lançamento menos de 10 euros. Quer o Soalheiro 2015 quer o Regueiro Reserva 2019 revelaram-se excelentes, suplantando o que era oferecido na data de lançamento.

Na última Essência do Vinho houve uma prova em que foi aberto um Vinha Antiga 2007, um dos vinhos mais antigos que provei até hoje.

E mais uma vez superou todas as expetativas. 

Estamos a falar de um vinho com quase 20 anos em garrafa, que - acredito - superou os próprios produtores e enólogo.O facto de terem sido 6000 garrafas e ainda existirem algumas hoje comprova-o, na minha opinião (e as pontuações que dei a colheitas mais recentes comprovam a minha surpresa). 

O facto de ter estagiado em madeira ajudou a este notável envelhecimento. No nariz e na boca há diversos sabores/aromas secundários, como o marmelo, o mel ou especiarias. O final não perdeu vitalidade.

(foram abertas duas garrafas, ambas em excelente estado)

Ano da produção: 2007
Data de compra/prova: fevereiro 2025 
Preço de compra: ?
Local de compra: Essência do Vinho 2025 
Data de consumo: fevereiro 23
Produtor: Provam
Localidade: Barbeita, Monção
Enólogo: Abel Codesso
Acidez Total: (g/l): 
Açúcares (g/l): 
Teor Alcoólico (%vol): 12,5º
Método de vinificação: "." (produtor)
Aberto quanto tempo antes: na hora
Quantidade de garrafas consumidas: 2
Pontuação: 10/10
Primeiro copo servido a: 11º-13º
Acompanhou: 
Pode acompanhar por exemplo:
(27)

Vinha Antiga (2015)


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Regueiro Reserva (2019): 10/10

Esta garrafa de Regueiro Reserva 2019 foi comprada em junho de 2021 no Solar do Alvarinho em Monção e custou €6,76. Aberta cerca de cinco anos depois, revelou um vinho fantástico.

É difícil descrever este vinho sem juntar vários adjetivos, o que tento sempre evitar, mas o que posso dizer é que, sendo agora um vinho muito diferente do que seria em 2020, perdeu frescura, mas ganhou complexidade. É um vinho macio, muito rico em sabores e aromas... por (desculpem insistir) €6,76.

Na verdade nada disto me surpreende nem surpreenderá os leitores deste espaço, porque está mais do que visto que o alvarinho tem uma enorme capacidade de envelhecimento. Apenas é preciso que mais gente se convença disso e passe a guardar durante alguns anos um vinho que, há duas décadas, era para beber no ano da vindima ou deitar fora!


Ano da produção: 2019
Data de compra: junho 2021
Preço de compra: €6,76
Local de compra: Solar do Alvarinho, Monção
Data de consumo: fevereiro 2025
Produtor: Quinta do Regueiro
Localidade: Alvaredo, Melgaço
Enólogo:
Acidez total:
Quantidade de garrafas consumidas:
Pontuação: 10/10
Primeiro copo servido a: 13º
Passou pelo arejador? Não.
Acompanhou: filetes de pescada
Pode acompanhar por exemplo:
(55)

 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Quinta d'Amares Vinesa (2019): 7/10

A Quinta d'Amares tem um alvarinho em gama de entrada (que tem somado prémios), a um preço excelente, pelo que a aposta, neste caso, é fazer um vinho mais elaborado, em que a madeira assume protagonismo e em que surgem outros aromas, não primários da casta. A questão é que protagonismo? Parece-me que os 8 meses em barricas de carvalho francês estão no limite do que seria desejável, o que significa que, com grande probabilidade, uns acharão a madeira no ponto certo e outros talvez em demasia.

Eu gosto de alvarinhos que estagiam em madeira, desde que esta não abafe a identidade da casta, e gostei deste. Parece-me é que a acidez é um pouco curta.

Relação preço-qualidade: custa €15, o que, para uma produção de 2300 garrafas, não é um preço exagerado. [2019 foi a primeira edição, ainda não saiu mais nenhuma].

Ano da produção: 2019
Data de compra: 
Preço de compra: €15 (segundo o produtor)
Local de compra/prova: Essência do Vinho 2025
Data de consumo: fevereiro 25
Produtor: Quinta d'Amares
Localidade: Amares, Braga
Enologia: António Sousa e Diogo Schartt
Acidez Total (g/l): 5,6 g/dm3
Açúcar residual (g/l):  <1,5 g/dm3
Teor Alcoólico (%vol): 12,5º
Método de vinificação, segundo o produtor: " A fermentação e estágio de 8 meses com battonage, em barrica de carvalho francês. Lote de 2500 garrafas da colheita 2018."
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 7/10
Primeiro copo servido a: ?
Acompanhou: 
Pode acompanhar por exemplo:
(468)


terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Tempo (2020): 7/10

Começo por dizer que já provei este vinho várias vezes, ao longo dos últimos anos, mas sempre em circunstâncias que não me habilitavam a poder escrever. Preferi esperar pela possibilidade de ter uma garrafa à frente para o poder fazer.

Estamos perante aquele que foi, durante muitos anos, o alvarinho mais caro no mercado. Nesta altura será o segundo mais caro. Isto é bastante importante, porque - como os leitores regulares sabem - as minhas avaliações têm em conta aquilo que considero ser a relação qualidade-preço.

O produtor tem toda a legimitidade para recomendar um preço de venda, baseado em vários pressupostos (como o número reduzido de garrafas ou a vinificação quase tradicional, como acontece com este Tempo), da mesma forma que o comprador tem de fazer escolhas em face do seu orçamento.

Ora, não tendo eu comprado a garrafa e não sabendo exatamente quanto custa (uma ronda pelas garrafeiras aponta para €80 ou quase), não tenho problemas em afirmar que me parece caro. Não apenas caro em termos absolutos (€80 por um vinho!), mas também termos relativos - a tal relação qualidade-preço.

A crítica especializada não poupa nos elogios ao vinho e tem razão. Mas não é nem de perto o melhor alvarinho que bebi nem o melhor que Anselmo Mendes faz. O Parcela Única é um vinho mais completo e mais estimulante.

Sobre o Tempo, é, como seria de esperar, um vinho muito complexo (o produtor diz que pode aguentar até 20 anos!), com um aroma excelente (figos secos). Muito seco, como o enólogo gosta, há, na boca, fumados e casca de laranja, por exemplo. O final é bom mas não muito longo. [um segundo copo bebido 24 horas depois mostrou um vinho mais aberto e a presença mais acentuada de taninos, certamente em resultado do contacto com as películas].

Ano da produção: 2020
Data de compra: 
Preço de compra: 
Local de compra: 
Data de consumo: fevereiro 25
Produtor: Anselmo Mendes
Localidade: Melgaço
Enologia: Anselmo Mendes
Acidez Total (g/l): 5,2
Açúcar residual (g/l): ?
Teor Alcoólico (%vol): 12,5º
Método de vinificação, segundo o produtor: "Metade do lote faz fermentação total com as películas. A outra metade efetua fermentação com o cacho inteiro não desengaçado. Após fermentação os lotes são reunidos em barrica de carvalho francês onde efetuam um estágio de 9 meses com bâttonage regular".
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 7/10
Primeiro copo servido a: 11º-12º
Acompanhou: arroz de pato
Pode acompanhar por exemplo:
(468)



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Cadão (2023): 5/10

Este não é, nem de perto nem de longe, o primeiro alvarinho do Douro que bebi (é o nono!) e isso permitiu-me confirmar uma ideia: se é para fazer alvarinhos no Douro que não sejam meras colheitas em cubas de inox e battonage, mas sim algo mais complexo/elaborado.

Se este Cadão interpreta bem o terroir onde está plantado (Valongo dos Azeites, São João da Pesqueira), como os enólogos e produtores tanto gostam de proclamar, então é o terroir que não dá mais. O tempo de longevidade previsto pelo produtor é de apenas dois anos.

Um vinho banal, que pouco ou nada acrescenta. Ainda assim, noto que este vinho já vem sendo produzido nos últimos anos, sinal de que tem um público.

Relação preço-qualidade: compreendo que fazer vinhos em pequena escala (ainda por cima, naturais) obrigue a subir o preço, mas quem vai pagar €10 euros por este Cadão quando, pelo mesmo preço, tem alvarinhos muito mais interessantes (ainda que diferentes)?

Ano da produção: 2023
Data de compra: dezembro 24
Preço de compra: €8,95 (promoção; preço tabelado €11,25]
Local de compra: Portugal Vineyards
Data de consumo: fevereiro 25
Produtor: Mateus & Sequeira Vinhos
Localidade: Valongo dos Azeites, São João da Pesqueira
Enologia: Francisco Lemos
Acidez Total (g/l): ?
Açúcar residual (g/l): ?
Teor Alcoólico (%vol): 12,5º
Método de vinificação, segundo o produtor: "Fermentação alcoólica com controlo Receção das uvas com desengace total sem esmagamento das massas. Prensagem suave e decantação estática. Fermentação alcoólica regular e controlada. Cuba de inox com batonnage regular".
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 5/10
Primeiro copo servido a: 13º
Acompanhou: arroz de tamboril
Pode acompanhar por exemplo:
(467)


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Soalheiro (2015): 9/10

Ainda há dias aqui escrevi sobre a capacidade de envelhecimento dos alvarinhos, que depende de vários fatores, a começar pela qualidade das uvas e pela forma como é vinificado, entre outros.

Esta semana decidi abrir um Soalheiro de 2015, que estava guardado à espera de fazer 10 anos (na verdade, os 10 anos apenas se completarão em dezembro deste ano, mês a que foi lançado; não resisti...)

As minhas expetativas: em qualquer caso, 10 anos em garrafa transformam um vinho, mas certamente não seria aquele alvarinho vibrante e frutado que é a imagem de marca do clássico da Quinta. Confirmou-se. Estava 'outro' vinho, tão bom quanto o 'anterior', mas bastante diferente: a fruta amadureceu, a acidez evoluiu, ficou um vinho mais complexo e evoluído.

Acima de tudo é notável como um vinho (a menos de €10) de 2015 chega a 2025 neste magnífico estado.

Ano da produção: 2015
Data de compra:
Preço de compra: oferta do produtor em 2018
Local de compra: 
Data de consumo: fevereiro 2025
Produtor: Quinta do Soalheiro,
Localidade: Alvaredo, Melgaço
Enologia: António Luis Cerdeira
Acidez Total (g/dm3): 7
Açúcar (residual) seco
Teor Alcoólico (%vol): 12,8º
Método de vinificação, segundo o produtor: "Após a prensagem, o mosto obtido decanta durante 48 horas, segue-se a fermentação, a temperatura controlada, usando leveduras pré-seleccionadas para o efeito. O engarrafamento efectua-se após a estabilização do vinho, sendo seguido de um estágio em garrafa. A vinificação do Alvarinho Soalheiro está direccionada para obter um vinho que concentre a qualidade das uvas e permita uma boa evolução após o engarrafamento"
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 9/10
Primeiro copo servido a: 13º
Acompanhou: bacalhau assado no forno
Pode acompanhar por exemplo:
(45)

Soalheiro 2020
Soalheiro 2021
Soalheiro 2022

Soalheiro 2023


domingo, 9 de fevereiro de 2025

Graça da Pedra (2022): 8/10

Já aqui tinha dado conta do lançamento do primeiro alvarinho depois da compra da Quinta da Pedra, em Monção, pelo grupo Fladgate, o Graça da Pedra.

Tive oportunidade de o provar agora, com grande satisfação.

É um mais um colheita de qualidade, que respeita bem a essência da (sub)Região: aroma marcante, fruta (cítrica) e aquela acidez tradicional e longa, a um bom preço (pelo menos aquele que eu paguei... Isto porque é possível encontrar este vinho num intervalo de preços entre os €14 e os €12

Ano da produção: 2022
Data de compra: dezembro 24
Preço de compra: €11,45 (promoção; preço tabelado €14,45]
Local de compra: Portugal Vineyards
Data de consumo: fevereiro 25
Produtor: Fladgate Wines
Localidade: Quinta da Pedra/Monção
Enologia: José Maria Machado/Márcia Gonçalves?
Acidez Total (g/l): 5,5 gr/lt (expressa Ac. Tartarico)
Açúcar residual (g/l): <1,5 gr/lt
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Método de vinificação, segundo o produtor: "Maceração pré-fermentativa levemente refrigerada. Pressão suave. Fermentação em aço inoxidável com temperatura controlada. Após 6 a 9 meses, o vinho é clarificado, filtrado e engarrafado para ser lançado no mercado.".
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 8/10
Primeiro copo servido a: 12º [o produtor aconselha servir a uma temperatura de 6 a 8 Cº, o que me parece muito exagerado, sobretudo no Inverno].
Acompanhou: Arroz de lavagante
Pode acompanhar por exemplo:
(466)


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Anégia (2017): 4/10 [2ª prova]

Qual é a probabilidade de um vinho, que neste momento está a ser vendido a pouco mais de 5 euros (já custou mais de €10), envelhecer bem em garrafa durante mais de sete anos? Acho que todos concordarão que é muito baixa.

E foi exatamente isso que aconteceu com este Anégia de 2017.

Dirá o leitor: que culpa tem o vinho se o deixei tanto tempo à espera?

Sim, isso já aconteceu antes, mas este não é o caso. O vinho foi comprado há menos de dois meses e neste momento continua à venda.

Para agravar, sabia a rolha, apesar desta aparentar estar impecável.

Resta acrescentar que o vinho se transformou de tal maneira que já nem parecia alvarinho. Perdeu força, perdeu acidez. Ainda assim, o copo bebido 24 horas depois estava mais aberto e até com mais aromas do que o primeiro.

Em resumo: sem o sabor a rolha, apesar de não ser um grande vinho, não teria sido sacrifício bebê-lo. Comparando com a primeira prova, em 2020, melhorou muito o preço, mas tive o azar da rolha,
Ano da produção: 2017
Data de compra: dezembro 24
Preço de compra: €6,35
Local de compra: Portugal Vineyards
Data de consumo: fevereiro 25
Produtor: Caves Velhas/Enoport Wines
Localidade: não é identificado o local de origem das uvas (Anégia é nome antigo para as terras do Vale do Sousa). Vinho Regional Minho
Enologia: ?
Acidez Total (g/l): ?
Açúcar residual (g/l): ?
Teor Alcoólico (%vol): 12,5º
Método de vinificação, segundo o produtor: "...".
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 4/10
Primeiro copo servido a: 13-14º
Acompanhou: Pescada cozida com legumes
Pode acompanhar por exemplo:
(261)


segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Os Lenas (2023): 5/10

Élio Lara sentiu necessidade de colocar no mercado vinhos para concorrer com os mais baratos produzidos na (sub)Região: um alvarinho e um alvarinho e trajadura, a que deu o nome de Os Lenas, em homenagem ao seu avô, que tinha precisamente essa alcunha.

Mas a verdade é que em lado nenhum aparece o nome do enólogo/produtor, que, assim, quis diferenciar este vinho daqueles que tem sob a marca "By Élio Lara", alguns dos quais muito bons.

(por falar em falta de informação, estou a considerar que é vinho de 2023 pela informação da loja online onde o comprei, porque também não há essa informação).

Este Os Lenas será um dos mais baratos da (sub)Região, ao nível do Deu la Deu, por exemplo. Mas já são raros os alvarinho de Monção e Melgaço abaixo dos €8 - o que se percebe e aceita.

A qualidade neste caso é propocional: um vinho com poucos predicados, de perfil cítrico, mas sem estrutura nem acidez.

Ano da produção: 2023 (?)
Data de compra: dezembro 24
Preço de compra: €7,11
Local de compra: loja online VinhAlvarinho
Data de consumo: janeiro 25
Produtor:  I Am, Turismo e Produtos Regionais (Élio Lara)
Localidade: Merufe/Monção
Enologia: Élio Lara
Acidez Total (g/l): ?
Açúcar residual (g/l): ?
Teor Alcoólico (%vol): 12º
Método de vinificação, segundo o produtor: "...".
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 5/10
Primeiro copo servido a: 13º
Acompanhou: Pargo no forno
Pode acompanhar por exemplo:
(465)


sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Quinta das Pereirinhas Grande Reserva (2020): 6/10

O produtor apresenta este Grande Reserva como "um vinho singular no mundo dos vinhos." Já se sabe que cada um diz o que quer nos rótulos e mesmo nas fichas técnicas, mas há algo de verdadeiro na frase: este vinho começa por ser um curtimenta (a cor mostra-o), que depois vai 18 meses para barricas de castanho.

Não me parece feliz o resultado. Parece-me que nem é uma coisa nem outra. Não tem a complexidade que se esperava nem se destaca pela sua acidez.

Bebe-se sem sacríficio, mas um Grande Reserva, com este preço, tem de oferecer mais. Haverá o 2021?

[Uma nota que não é, infelizmente, particular a este vinho: a quem interessam os lacres de cera ou sinteticos que cada vez mais aparecem nas garrafas? Ao consumidor? São difíceis de retirar]

Relação preço-qualidade: caro.

Ano da produção: 2020
Data de compra: dezembro 24
Preço de compra: €20,61
Local de compra: loja online VinhAlvarinho
Data de consumo: janeiro 25
Produtor: Quinta das Pereirinhas
Localidade: Troviscoso/Monção
Enologia: João Pereira
Acidez Total (g/l): ?
Açúcar residual (g/l): ?
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Método de vinificação, segundo o produtor: "uvas provenientes de uma única parcela, onde maceraram e fermentaram com a pelicula em regime de curtimenta total, finalizando com um estágio longo com batonage em Toneis Velhos de Castanho, que foram recuperados e restaurados e que são utilizados pela nossa família há mais de 80 anos na elaboração deste vinho de uma forma tradicional".
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 6/10
Primeiro copo servido a: 11º
Acompanhou: Bacalhau à Gomes de Sá
Pode acompanhar por exemplo:
(464)


segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

O melhor vinho do mundo (Contacto 2023 - 7/10)

Embora se trate apenas de uma escolha, ou seja 'vale o que vale', como se diz sempre nestes casos, ninguém em Portugal ficou indiferente ao facto da Food & Wine ter escolhido o Contacto 2022 como o melhor vinho (branco) do mundo. Tratando-se de um alvarinho, muito mais justificada a (minha e não só) atenção.

Começo por dizer que, quaisquer que sejam os 'mas...' que se associem à escolha, este é um motivo de orgulho. A revista tem prestígio internacional e colocar um alvarinho como melhor vinho do mundo (na verdade, quando se lê percebe-se que é o melhor vinho branco do ano) deveria levar Marcelo Rebelo de Sousa a condecorar Anselmo Mendes (já o fez por muito menos).

É o melhor vinho do mundo? Claro que não. O próprio Anselmo tem vinhos muito melhores.

O autor da escolha justifica a escolha também com o preço ("Este branco português de Anselmo Mendes é elegante e mineral, com muito mais nuances do que seria de esperar pelo preço e ganha o prémio de meu vinho branco favorito do ano") na medida em que é o mais barato dos 15 selecionados.

Voltei, por causa disto, a provar o Contacto, colheita 2023. Gosto da sua acidez, que não achei excessiva, com um perfil cítrico e mineral. Além do mais penso que o bebi cedo demais (está um vinho muito jovem).

O preço tem vindo a subir ao longo dos últimos anos. 




Ano da produção: 2023
Data de compra: janeiro 2025
Local de compra: Auchan
Preço de compra: €11,95
Data de consumo: janeiro 2025
Produtor: Anselmo Mendes
Localidade: Melgaço
Enólogo: Anselmo Mendes
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 7/10
(30)


Contacto 2015

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Adega do Mato Colheita Selecionada (2022): 3/10

A explicação para a pontuação tão baixa é simples: este é um vinho doce!

Tão doce que em certos momentos deixa de ser agradável bebê-lo.

Com uvas produzidas em Ribeira de Pena (concelho conhecido pelos bons vinhos azal ou arinto), mesmo no limite da zona dos vinhos verdes, é imposível que elas deem origem a um vinho tão doce. 

É o primeiro alvarinho que bebo com origem neste concelho.

Relação preço-qualidade: ninguém dirá que €7,5 é caro, mas todos sabemos que há vinhos (muito) melhores a 5 ou 6 euros.

Ano da produção: 2022
Data de compra: maio24
Preço de compra: €7,5
Local de compra: Wine & Blues Festival Viana do Castelo
Data de consumo: janeiro 25
Produtor: Vítor Magalhães
Localidade: Ribeira de Pena
Enologia: Winelords
Acidez Total (g/l): ?
Açúcar residual (g/l): ?
Teor Alcoólico (%vol): 13,5º
Método de vinificação, segundo o produtor: "...".
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 3/10
Primeiro copo servido a: 12º
Acompanhou: filetes de pescada
Pode acompanhar por exemplo:
(463)


sábado, 4 de janeiro de 2025

Dom Ponciano Colheita Selecionada (2013): 6/10 [2ª prova, seis anos depois]

Continua a minha descoberta relativamente à capacidade de envelhecimento do alvarinho, que se sabe ser muita, mas não infinita.

A experiência desta vez é um pouco peculiar: Rui Esteves, dos Dom Ponciano, é o único que vende um alvarinho com mais de 10 anos, no caso o Dom Ponciano Colheita Selecionada 2013. Só por isso merece aplauso, até por estar eu estar convencido de que, cada vez mais, haverá oferta com envelhecimento. Veremos...

A experiência foi interessante porque bebi este 2013 pela primeira vez em 2018 (com cinco anos, portanto) e estava muito bom. Passaram seis anos e voltei a bebê-lo. A convicção é de que está em perda e que não só não vai melhorar como até pode estar no limite do prazo de validade. 

Está mais 'normal' (no sentido de banal), sem aquela vitalidade que antes identifiquei.

Fiz ainda mais uma experiência: bebi-o no dia seguinte e ainda dois dias depois (devidamente acondicionado). E não é que este último copo foi o melhor?!

Ano da produção: 2013
Data de compra: abril de 24
Preço de compra: €15
Local de compra: Feira do Alvarinho de Melgaço
Data de consumo: dezembro de 24
Produtor: Dom Ponciano
Localidade: Paderne, Melgaço
Enologia: 
Acidez Total (g/l): ?
Açúcar residual (g/l): ?
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Método de vinificação, segundo o produtor: "envelhecido em cuba de inox".
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 6/10
Primeiro copo servido a: 12º
Acompanhou: arroz de marisco
Pode acompanhar por exemplo:
(73)




sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Quinta da Pegadinha Escolha (2022): 6/10

Primeiro destaque: pela primeira vez encontrei um rótulo que nos dá verdadeiramente informação em vez do rol de adjetivos, muitos deles apenas tretas, que são habituais em quase todos os vinhos.
Caro leitor, veja como Miguel Lemos, viticultor e proprietário da Quinta, resolveu o problema:
Tem a minha admiração, mesmo não havendo site a suportar o produto!

Sobre o vinho: estamos perante um aroma menos frutado (quando muito cítrico) e mais vegetal.
Em boca não se revela muito personalizado, mas claramente distingue-se pela acidez final, bem marcante.

Relação preço-qualidade: caro. Custou €14,45 e percebo que a produção seja pequena (996 garrafas, segundo o produtor), mas não está ao nível de muitos alvarinhos da (sub)Região de Monção e Melgaço. No final, o cliente, quando vai comprar, tem uma enorme capacidade de escolha; duvido que escolha este, se puder comprar um vinho (vamos dizer igual, para não dizer melhor) a €10 euros (veja-se este exemplo recente)
Ano da produção: 2022
Data de compra: dezembro de 24
Preço de compra: €14,45
Local de compra: Portugal Vineyards
Data de consumo: dezembro de 24
Produtor: Quinta da Pegadinha
Localidade: Barcelos (VV DOC)
Enologia: Miguel Lemos
Acidez Total (g/l): ?
Açúcar residual (g/l): ?
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Método de vinificação, segundo o produtor: "fermentação em inox, estágio em borras finas".
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 6/10
Primeiro copo servido a: 11º
Acompanhou: robalos na brasa
Pode acompanhar por exemplo:
(462)


segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Contemporal (2021): 3/10

Guardei esta garrafa do alvarinho de marca branca do Continente, que comprei em 2022, até agora. A ideia era testar até que ponto um vinho de menos de 4 euros aguentaria dois ou três anos em garrafa.

Não aguentou e já foi sacrifício bebê-lo. Deveria ter sido bebido no ano de lançamento ou no seguinte, no máximo

Por isso, é importante dizê-lo: a culpa é minha e não do vinho. (quando bebi o 2016 e 2018 atribuí sempre notas positivas)

Em 2025 vou continuar a fazer experiências

Ano da produção: 2021
Data de compra: outubro 2022
Local de compra: Continente, Vila do Conde
Preço de compra: €3,79
Data de consumo: dezembro 2022
Produtor: Continente /"Engarrafado por Quintas de Melgaço"
Localidade: Melgaço
Acidez:
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 3/10
Primeiro copo servido a: 11º
Acompanhou: (ou iria acompanhar...) bacalhau assado
Pode acompanhar por exemplo:
(8)

Contemporal 2016

Contemporal 2018

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Chicane Voyage (I) (2020): 6/10

 Apesar de haver pouca informação, este Voyage tem algumas coisas que merecem ser ditas.

A primeira é que, com uvas plantadas em Vila Nova de Tazem, é o primeiro alvarinho cm origem na região do Dão.

A segunda é que surge como IVV e a única referência a alvarinho aparece neste código L.ALV20 (lote alvarinho, 2020, se bem percebo). Nas lojas online, onde está à venda, é apresentado como alvarinho.

Voyage é o nome do vinho, Chicane a marca criada pelos enólogos Carlos Ferreira e António Teixeira a partir de uvas criadas na Quinta dos Garnachos, Tazem.

E agora o vinho: vale os €17,25 que paguei? Não. Tem um aroma bastante vegetal e uma acidez interessante, mas em boca é mostra-se sem personalidade.

É, como agora se diz, uma interpretação do alvarinho? Claro que sim, com toda a legitimidade. Mas não me convenceram.

Ano da produção: 2020
Data de compra: dezembro de 24
Preço de compra: €17,25
Local de compra: Portugal Vineyards
Data de consumo: dezembro de 24
Produtor: Vinhos Chicane
Localidade: Vila Nova de Tazem (IVV)
Enologia: Carlos Ferreira e António Teixeira
Acidez Total (g/l): ?
Açúcar residual (g/l): ?
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Método de vinificação, segundo o produtor: "...".
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 6/10
Primeiro copo servido a: 13º
Acompanhou: bacalhau cozido com legumes
Pode acompanhar por exemplo: 
(461)


sábado, 14 de dezembro de 2024

Quinta de Santiago Espumante Bruto Velha Reserva (2017): 8/10

Só muito recentemente os apreciadores de alvarinho (e, sem exagero, penso. muitos dos produtores) perceberam o potencial de guarda do alvarinho, seja para vinhos tranquilos seja para espumantes - ou colheitas tardias. 

Daqui a alguns anos saber-se-á muito mais do que hoje sobre quantos anos pode um vinho destes 'aguentar' sem começar a perder qualidades - como se imagina, a validade não é infinita.

Vem isto a propósito deste Velha Reserva (estágio em garrafa de pelo menos 36 meses) da Quinta de Santiago, se não estou enganado, o primeiro que produziram.

Abri-o com mais de uma hora de antecedência, tendo o cuidado de preservar ao máximo o gás carbónico. E mesmo assim, revelou-se muito fechado. Foi abrindo ao longo da refeição e estava bem melhor no final. Mas fiquei com a ideia de que deveria ter sido bebido um ou dois anos antes.

Relação preço-qualidade: paguei €30 e esse é, mais ou menos, o preço em garrafeira, hoje (2017 e 2018). Acho que há uma boa relação, que seria melhor se bebido quando foi lançado.

Ano da produção: 2017
Data de compra: abril de 24
Preço de compra: €30
Local de compra: Saudáveis e Companhia [nota: a loja fechou entretanto; que pena, pois tinha um serviço diferenciado]
Data de consumo: dezembro de 24
Produtor: Quinta de Santiago [site off, nesta altura]
Localidade: Monção
Enologia: Abel Codesso
Acidez Total (g/l): ?
Açúcar residual (g/l): ?
Teor Alcoólico (%vol): 13º
Método de vinificação, segundo o produtor: "...".
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 8/10
Primeiro copo servido a: 12º
Acompanhou: arroz do mar
Pode acompanhar por exemplo: tem potencial para acompanhar quase todo o tipo de pratos
(460)


Casa de Rodas (2023): 7/10

Casa de Rodas é o primeiro vinho produzido pela parceria Mendes & Symington. A aposta foi jogar pelo seguro, com Anselmo Mendes a titula...

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