Penso que o primeiro a 'desafiar' o que sempre esteve estabelecido foi Paulo Rodrigues, na Quinta do Regueiro. O seu Jurássico juntava colheitas de diferentes anos, mas a Comissão dos Vinhos Verdes, para poder usar a denominação Monção e Melgaço, obrigava a que fosse indicado um ano como referência. Ou seja, se o vinho é feito com lotes de 2019, 2022 e 2023, por exemplo, o produtor teria que escolher um ano (ao calhas?) para por no rótulo.
Finalmente a Comissão cedeu e passou a autorizar, a partir deste mês, que vinhos de Monção e Melgaço possam ser feitos de diversos lotes, sem necessidade de indicar um ano em particular.
A decisão de permitir a comercialização de vinhos sem indicação de colheita (frequentemente chamados de NV ou Non-Vintage) aproxima o Vinho Verde de práticas comuns em regiões como Champagne ou o Vinho do Porto e traz rigor e verdade aos vinhos loteados.
Portanto, para os produtores é bom, até porque podem por exemplo escoar lotes que tenham em abundância (ou, em anos de fraca produção, manterem-se vivos no mercado) e porque dá mais liberdade aos enólogos para afinar determinado vinho.
Para os consumidores a eventual perda de informação nunca é boa. É o que se passa com alguns espumantes da subregião, que não têm qualquer indicação de data. Resultado: não sabemos se estamos a beber um vinho com dois ou seis anos (na região de Champagne muitos produtores resolvem isso com a indicação do ano do degorgement - o último engarrafamento).
Além disso, para colecionadores ou restaurantes, gerir uma garrafeira sem datas de colheita torna-se mais complexo, exigindo um controlo mais rigoroso de rotação de stocks.
A subregião pediu. Agora vamos ver como a vai utilizar.


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