sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Vale dos Ares Curtimenta (2021): 7/10

Em 2001 Anselmo Mendes lançou o primeiro curtimenta de alvarinho em Portugal, mais um marco que Anselmo deixa na história do alvarinho e da subregião.

Mas este passo não foi seguido, nomeadamente em Monção e Melgaço, onde, até há pouco tempo, apenas existiam duas referências: Gema e Ag.Hora do Soalheiro, que nem se identifica como tal.

Conheço mais dois, mas fora da subregião, nomeadamente o Adega Belém Curtimenta (que recebeu 8/10, a melhor pontuação entre todos) e o 6000 AC, da Adega de Ponte da Barca, vendido a €50...

Esta escassez diz-nos que os produtores não gostam do resultado da técnica ancestral de contacto com as películas e o engaço (mais o estágio em barrica) e que existirá uma eventual rejeição por parte do público: a curtimenta acentua certos sabores do vinho, uma certa adstringência e a sua acidez final. E há muita gente que não gosta de vinhos com uma acidez final marcante.

Miguel Queimado, o mais consistente de todos os pequenos/médios produtores da subregião, lançou este ano o seu Vale dos Ares Curtimenta, relativo a 2021.

A curtimenta sente-se logo no aroma forte, que já não é fácil de identificar, mas é muito agradável. Fruta madura?

Como seria de esperar a curtimenta releva a adstringência e potencia a acidez final, dando lhe frescura/secura mas também intensidade, que se prolonga depois de bebido o vinho.

[A propósito, grande potencial de guarda].

Gostei, sem dúvida, porque gosto de vinhos com final seco e fresco, mas continuo sem perceber se o alvarinho e a curtimenta funcionam para o público em geral.

Relação preço-qualidade: €25 estão dentro do normal para um vinho de nicho ou até mesmo barato se tivermos em conta que é um vinho de 2021 lançado em 2025 - quantos produtores fazem isso? (Já agora, o preço 'respeita' os cerca de €30 do icónico vinho de Anselmo Mendes...).

Se o preço é razoavel e se gostei, porque não uma nota mais alta? É que, ao contrário da maior parte dos alvarinhos, um curtimenta não é para qualquer comida. Eu bebi-o a acompanhar filetes de pescada e não foi muito agradável - parece que o vinho acentuou demasiado o sabor do peixe e do filete. Ou seja, trata-se de um vinho exigente, que não vai com todas as comidas e que cria uma dificuldade a quem o consome (Miguel Queimado diz que acompanha bem comidas 'de Inverno', mais pesadas, com carne, suponho; irei experimentar).
Ano da produção: 2021
Data de compra: novembro 2025
Local de compra: no produtor
Preço de compra: oferta do produtor (pvp €25)
Data de consumo: dezembro 2025
Produtor: Vale dos Ares
Localidade: Monção
Enólogo: Mguel Queimado e Gabriela Albuquerque
Acidez Total (g/dm ) ?
Açúcares residuais: ?
Teor Alcoólico (%vol): 12º
Método de vinificação, segundo o produtor: "Fermentado integralmente com as películas, em contacto com oxigénio, até terminar. O vinho estagiou durante 24 meses em barricas de castanho e 12 meses em cubas de inox. Antes de ser lançado no mercado estagiou na garrafa durante 12 meses."
Quantidade de garrafas consumidas: 1
Pontuação: 7/10
Primeiro copo servido a: 12º
Acompanhou: filetes de pescada [péssima ligação, como já disse, que foi retificada parcialmente com figos secos na sobremesa]
(499)




Sem comentários:

Enviar um comentário

Vale dos Ares Curtimenta (2021): 7/10

Em 2001 Anselmo Mendes lançou o primeiro curtimenta de alvarinho em Portugal , mais um marco que Anselmo deixa na história do alvarinho e da...

Textos mais vistos